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Cultura alimentar!

Olá pessoal!!
 
Fatos começaram a me estimular a pensar sobre a nossa cultura alimentar.
 
Estive em uma sala de espera, em um hospital, e estava passando uma matéria interessante na tv, específica para a sala de espera. Uma nutricionista comentava sobre a alimentação do brasileiro. Dizia algo como "daqui a pouco, as pessoas vão querer se alimentar com a alimentação brasileira, assim como foi com a alimentação mediterrânea." Ponto pro Brasil!
 
E em outra ocasião, assisti a uma palestra interessante sobre marketing. Um profissional renomado estava contando uns "cases" de sucesso e insucesso. Comentou sobre as sopas Campbell's ®.
A empresa chegou aqui no Brasil e pensou: "muita gente, vai vender horrores". Aí, montou aquela fábrica enorme... mas esqueceram de estudar o público.
Entre outros motivos, o profissional comenta que, com brasileiro não tem essa de "sopa em lata". Comida, pra nós, é carinho, atenção, família. Como você demostra amor abrindo uma lata? Aí veio a Maggi ® e mandou colocar água fervendo. "Cozinhou". Pronto, essa sopa pegou.
 
 
Aí, os tempos mudam, há, o tempo... esse passa, e com ele, leva algumas coisas, como delicadas culturas. Será que ainda existe essa necessidade de cozinhar nas casas brasileiras? Será que a alimentação "brasileira" não está cada vez mais americanizada? Será que se o dono da Campbells trouxesse a fábrica agora, em 2012,  a sopa não pegava?Afinal, não estamos trocando nossa cultura alimentar pelas comidas prontas?
 
Estamos em uma era de tudo muito pronto, muito processado, muito produto alimentício. Menos comida, mais medo de comida. Cozinhar? Perda de tempo.... utilize esse tempo em outra coisa...eu hein!!!! Abre um pacote. Aromatizado artificialmente.
 
Vocês já sabe minha posição sobre cozinhar, especialmente para os filhos. Mas além de cozinhar, vamos pensar um pouco sobre o contexto da alimentação. O que ensinamos para os nossos filhos, e principalmente, o que nossos filhos levarão de memórias alimentares. Não só sobre o sabor, mas em como aquela comida era servida. A "cultura" alimentar daquela casa.
 
Na minha casa, minha mãe descascava laranja, cortava no meio, e a "tampinha" era disputada. Meu pai amava (e ama) comer melão, fazendo um corte especial, primeiro embaixo, depois, fatia por fatia, colocando a fatia na boca com a ponta da faca. Eu faço igualzinho. Meu pai cozinhava, minha mãe lavava a louça. O picadinho do meu pai tem sabor de lar, com batata, cenoura e abóbora.
 
Lamber a massa de bolo crua. Quem nunca? Faz parte da sua memória ligada à alimentação?
 
Não sei exatamente o que minha filha vai levar de memória alimentar. Mas vou tentando, aos poucos, aumentar a experiência dela com a comida. Dizendo: olha o cheiro dessa manga! Fecha os olhos, adivinha que fruta é essa, hum, maçã! Fim de semana com café da manhã especial em família. Cozinhando com a ajuda dela.
Quero minha filha bem nutrida, não só no corpo, no biológico, mas também na memória, no coração.
 
E por aí, - vocês lembram de alguma coisa bacana? Que memória e/ou cultura alimentar querem deixar de herança para seus filhos?

Comentários

  1. Tenho cinco irmãs,e lembro-me de cada uma lamber um dedo de cada mão depois que ela amassava o pão. <3

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  2. KKKKK, Karine eu tenho os mesmos hábitos que vc, a tampinha da laranja, o corte do melão e da melancia... outra coisa que me lembro da minha infância era minha vô comendo cebola, eu adorava ouvir aquele crec crec da cebola crocante nos dentes e ficava louca pelo momento que eu tb comesse... outra coisa que lembra infância é pão com ovo... pão com banana... pão laranja, ovo molizinho na casquinha, comer bergamota sentada em baixo do pé, comer amora... nossa tanta coisa!!! kkkk
    Eu me preocupo muito com isso, não quero que a memória afetiva alimentar da minha filha seja "abrir um pacote" e cuido muito isso lá em casa, alguns dos produtos que "ainda" compro industrializados eu retiro da embalagem e guardo em outros frascos, não quero que ela tenha essa ligação... embagem = comida
    Outra coisa que fazemos na nossa casa é ter uma horta, para ela saber de que COMIDA vem da TERRA não do supermercado.
    Adorei o assunto!! Bju ;)

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  3. Eu tb faço a do melão! Que coisa linda!

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  4. Nossa Kah, muito lindo o post! Poxa, tenho tantas lembranças... da tampinha da laranja... da massa de bolo da minha vó... de cortar os legumes pra fazer sopa... muitas..

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  5. O blog é interessante, mas me assustei com a foto da criança lambendo as peças da batedeira, dá para ver que a batedeira estava plugada e parecia que a menina estava apertando o botão de ligar. Pensei à primeira vista que a imagem era de alerta de perigo para a criança, para nós adultos termos cuidado em não deixar eletrodomésticos ao alcance dos pequenos, mas logo vi que a mensagem era sobre hábitos alimentares. A imagem é realmente assustadora, será que só eu percebi isso?

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    1. Jura que vc reparou tanto isso? com um texto tão interessante e bacana como esse, se assustar com a menina lambendo a batedeira? eu me assusto com os hábitos que os adultos tem deixado na memória das crianças de hoje em dia, isso sim me assusta e muito.

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  6. Karine, parabéns pelo texto. Concordo com absolutamente tudo que vc diz aí e é o que eu tb venho tentando passar para os meus pacientes. Ontem mesmo contei para uma mãe como eu lembro e me emociono com a imagem do meu vô descascando a minha laranja e cortando a minha tampinha. É desse jeito que a gente aprende a comer de tudo.
    Adoro os seus posts!
    Bjs, Malu

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  7. ai que lindo esse texto.
    minha memória é ajudando minha vó fazendo biscoito, pão, ela sempre fazia um especial com olhinhos de feijão pra mim.
    me dava ovo cozido na casquinha, minha mãe fazendo plic plac com chocolate, me dando gelatina de morango, meu vô colhendo lima, e como disse a Malu, meu pai descascando minha laranja e cortando a tampinha.... :D
    adorei relembrar!
    beijo beijo

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  8. Nossa! eu adorava lamber a bacia do bolo rsrs mas como minha mãe batia o bolo na mão, eu lambia com o dedo rsrsrs. Adoro cozinhar para minha filha e quero q ela lembre disso com carinho assim como lembro da minha mãe no meu tempo de infancia

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  9. Karine,

    Muito bom o post e a relação entre carinho, cuidado, cozinhar e alimentos processados.

    Você já assistiu ao documentário "Muito Além do Peso", está disponível na íntegra no muitoalemdopeso.com.br e certamente pode ser uma boa ferramenta para estimular a discussão sobre nutrição infantil.

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    1. Olá João!
      Já assisti, e indico muito.Vou disponibilizar o link aqui no blog.
      Obrigada!

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  10. Olá Karine. Descobri seu blog ontem, porém gostaria de sua ajuda.
    Tenho um bebê de 7 meses, iniciamos a papinha agora, sendo que tenho dúvidas nos horários. O idela é dar a sopa no almoço e no jantar? porque já estou com três dias que não dou no
    jantar, daí substitui por mingau, e a ceia outro mingau.
    A rotina alimentar dele é:
    Fruta raspada ou amassada entre 7 e 8h
    leite materno lá pelas 9:30 ou 10h, se eu tiver em casa.
    entre 11:30 ou 12h a sopa.
    lá pelas 14h LM
    AS 16h suco de fruta
    as 18:30 sopa
    depois LM
    ceia mingau de leite ninho com mucilon de arroz.
    O que vc acha? gostaria de sua opinião.
    Adorei seu blog.

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    Respostas
    1. Olá Hellen!
      Obrigada pelo carinho, querida.
      O ideal é sim, o jantar ser uma sopa ou papa, pois o bebê precisa dos grupos alimentares que está na comida salgada.
      O ideal seria fazer uma avaliação completa para avaliar a rotina do seu bebê, mas ela parece bem adequada, eu só substituiria o mingau da ceia. O leite Ninho não é indicado para menores de 1 ano de vida (a proteína é muito "grande" para o intestino do bebê, entre outros fatores). Trocaria por outra fórmula. E o Mucilon contém muito açúcar. O açúcar deve ser oferecido quando a criança tiver, no mínimo, um aninho. Eu substituiria por farinha de arroz mesmo, se necessário. Converse com o pediatra sobre esses dados, para fazer a substituição.
      Beijos e boa sorte!

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  11. toda vez depois de chupar caroço de manguita a gente puxava os fiapinhos pra cima com o dente, depois lavava, e quando estava seco desenhava carinhas nele

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