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Carta para a mãe que não amamentou o quanto quis

Eu tenho ideia do que passou. Você tentou, dentro do que lhe foi possível. Puerpério não é fácil, e tenho quase certeza que ninguém te informou sobre aleitamento ainda no parto, quando deveria ser. Aliás, parecia uma coisa simples né? As fotos são de belas mulheres amamentando calidamente seus filhos. Algumas pessoas diziam que era difícil, mas a gente acha que vai dar conta ué!

Só, que, no caminho, acontecem coisas que a gente não pode explicar, ou prever, ou até mesmo, aguentar. Foi um bebê que não ganhou peso, foi um machucado grande, uma internação, uma indicação inadequada de complemento, muitos palpites.
Eu sei, a primeira mamadeira foi dada com pesar. Esse não era seu plano.

O tempo passou, e tudo ficou mais claro. Talvez, ao olhar para trás, você consiga enxergar o que poderia ter feito de diferente. Hoje, mais envolvida com a maternagem, sabe que poderia ter achado o apoio certo. Isso, às vezes, ainda te deixa culpada.

O que eu queria escrever é o que já te falaram, mas em relação à outras coisas: nada é em vão. E você, mulher que não amamentou o quanto queria, tem um papel fundamental na nossa sociedade, na luta pela amamentação. Sua história com a amamentação não acabou aqui.
Você pode ter outro filho, e as coisas podem ser diferentes. Já vi isso acontecer algumas vezes! Você é diferente hoje. Se ter outro filho não for um plano, você pode, no futuro, ajudar seu filho ou sua filha com a história da amamentação dos filhos deles. Você terá mais experiência. Você conhece o outro lado! Mas principalmente, você pode ajudar outras pessoas, pessoas próximas,  com a sua experiência. Hoje, depois que passou, fica mais fácil observar se existiria um outro caminho a ser percorrido. Ou não. Mas você é um elo importante nessa história, principalmente se fizer as pazes com seu passado, e entender, finalmente que sim, você amamentou o quanto poderia ter amamentado, dentro da sua história. Seja um dia, dois dias, três meses. E isso, qualquer gota de leite, foi importante para o seu filho!

Você é muito importante nesse apoio que tanto busco, em relação à amamentação das mulheres que estão ao nosso redor. Sua experiência é importante.

E o mais importante: amamentar é uma das coisas que a gente faz como mãe. Não é a única.  Alimentar com carinho, isso você poderá fazer a vida inteira! E eu sei, você faz isso como ninguém, e o mais importante: seu filho, aquele que te ama sobre todas as coisas, sabe!


Beijo grande

Comentários

  1. Tenho certeza que isto foi escrito pra mim... É a minha história, é a minha ferida!!!
    Que eu possa realmente ajudar uma mãe a não passar pela mesma dor que eu passei. E que o meu pequeno saiba que eu fui além do que eu poderia, embora eu não tenha chegado nem perto de onde eu gostaria...

    Lindo o texto. Eu só posso agradecer!!! Beijos

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  2. Amamentei por um mês. Consegui levar mais um mês com bombinha. Tinha pouco leite, Felipe não conseguia pegar meu seio (quase sem bico). Sofri, superei. Foi bom ler este texto. Pretendo ter outro bebê, quem sabe... rs

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  3. Esse post tem tudo haver comigo, compartilho desse sentimento. Eu programei várias coisas, li muito antes de ter minha filha, mas em nenhum momento passou pela minha mente que eu não poderia amamentar minha filha. Tentei amamentá-la nos primeiro dias de vida, mas o leite não saia satisfatoriamente, era bem pouquinho, mas eu não tinha muita noção do que estava acontecendo, minha filha chorava muito e eu continuava tentando e tentando, até que nas primeiras consultas com a pediatra constatamos que ela só estava perdendo peso, o caso estava se complicado e o leite só saia bem pouquinho... tive que infelizmente introduzir o leite artificial, mesmo assim continuei insistindo com a amamentação, mas sem sucesso... até que minha filha não quis mais tentar sugar no meu peito... foi muito triste, me senti péssima. Com dois meses minha filha foi diagnosticada com alergia a proteína do leite, mas adiante com quase um ano também diagnosticamos a alergia a carne de vaca, ovo e soja. Acredito que se eu tivesse conseguido amamentá-la talvez ela não apresentasse essas e outras alergias. Mas eu dei o meu melhor, fiz o que estava ao meu alcance naquele momento.

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  4. Também é a minha ferida...chorei ao ler seu texto. Amamentei minha primeira filha por 1 ano e 7 meses e acreditava que o segundo seria da mesma forma. Confesso que achava que amamentar exigia força de vontade, desejo de amamentar. Tive que aprender que não é só isso, não basta querer amamentar... Eu consegui ir até 4 meses e meio, parei por alergia do meu bebê... Fiz uma dieta de exclusão rigorosa de leite, ovo, trigo, milho, soja e carne vermelha...não adiantou, ele continuou tendo fortes dores e vomitando muito, já não tinha mais o que tirar de minha alimentação... Bem que eu queria, só para poder amamentar meu pequeno mais um tempo...não deu. Não por falta de vontade, não por não tentar, não por uma dificuldade minha...mas por ele...temos que lembrar que são dois seres diferentes, cada qual com sua dificuldade, limitação. Amanhã, dia 3/12 faz dois meses que parei definitivamente (antes de parar fizemos testes para ver como ele reagia apenas com fórmula de aminoácidos, sem meu leite, todas as vezes ele melhorava) a amamentação, como me dói ainda...é realmente uma ferida ainda aberta...

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  5. Nossa minha historia .Nos primeiros 23 dias consegui amamentar mto bem,a partir dai tive uma infecção e fui internada por 8 dias logo fiz uma cirurgia pra retirar a vesícula .Foi mto difícil ficar esse tempo todo longe da minha pequena,qdo sai do hospital ela já estava acostumada com a mamadeira mesmo assim insisti pra q ela voltasse a mamar no peito com mto esforço consegui dar ainda por mais uns 3 meses só q não a sustentava o leite era pouquíssimo ,não sei se pq tive p tomar mitos antibióticos isso fez diminuir a produção de leite.As vezes me pego a chorar por não ter sido como queria Mas agradeco a Deus pq a minha bebe já esta com 6 meses e é super saudavel e come td q eu ofereço a ela.

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  6. Nossa minha historia .Nos primeiros 23 dias consegui amamentar mto bem,a partir dai tive uma infecção e fui internada por 8 dias logo fiz uma cirurgia pra retirar a vesícula .Foi mto difícil ficar esse tempo todo longe da minha pequena,qdo sai do hospital ela já estava acostumada com a mamadeira mesmo assim insisti pra q ela voltasse a mamar no peito com mto esforço consegui dar ainda por mais uns 3 meses só q não a sustentava o leite era pouquíssimo ,não sei se pq tive p tomar mitos antibióticos isso fez diminuir a produção de leite.As vezes me pego a chorar por não ter sido como queria Mas agradeco a Deus pq a minha bebe já esta com 6 meses e é super saudavel e come td q eu ofereço a ela.

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  7. Eu tenho um bebe de 3 meses ja tenho duas filhas uma de 18 e outra de 15 anos e tenho 40 anos. Consegui amamentar minhas filhas ate completarem 1 ano e planejei amamentar nossa bebe por um bom tempo mas nem tudo e simples como planejamos pois eu trabalho e nao tenho tanto leite para tirar toda vez que tento tirar com a. bombinha so consigo 30ml. vou voltar mes que vem e infelizmente tive que comecar a introduzir a mamadeira e ela chora muito porque quer o peito entao mams muito pouco ja chorei muito tambem mas nai tem outro jeito eu preciso trabalhar esta sendo muito dificil para nos duas.por favor me ajudem ja esta sendo dificil tirar o peito dela e mais dificil ainda ver ela recusar a mamadeira eu nao sei o que fazer pra ela pegar a mamadeira sem desgaste e choradeira.

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  8. ana carolina mascarenhas13 de fevereiro de 2015 às 14:39

    Texto excelente, de grande sensibilidade! Parabéns!

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  9. Nenhuma mãe deve se sentir culpada por não ter tido condições de amamentar. A mídia faz a gente parecer cruel e é como se não fôssemos competentes o suficiente. Sempre tem alguem pra dizer que poderíamos ter feito diferente. Falar é fácil... Como você disse, cada gota de leite materno foi importante. Mas o amor de uma mãe ao amamentar, mesmo sendo com uma mamadeira, esse sim, só quem passou por isso, sabe.

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  10. Nenhuma mãe deve se sentir culpada por não ter tido condições de amamentar. A mídia faz a gente parecer cruel e é como se não fôssemos competentes o suficiente. Sempre tem alguem pra dizer que poderíamos ter feito diferente. Falar é fácil... Como você disse, cada gota de leite materno foi importante. Mas o amor de uma mãe ao amamentar, mesmo sendo com uma mamadeira, esse sim, só quem passou por isso, sabe.

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  11. Agradeco por ter postado essa carta, vc tirou a dor do meu peito , me sentia muito culpada, mesmo tendo feito tudo o que eu podia pra amamentar minha filha. Vou levar essas palavras pra sempre que a culpa quiser bater novamente. Bjs que Deus te abencoe.

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  12. Nossa esse texto foi escrito para mim, me culpei muito por não ter amamentado exclusivamente o meu filho, até bem pouco tempo achava que fui fraca por ter cedido ao leite artificial, mas mesmo com esse histórico, não deixei de oferecer o meu seio ao meu filho, que mesmo com a complementação, continuou mamando até os sete meses, quando ele não quis mais, deixou por conta própria. hoje já não me culpo tanto por isso, fiz tudo o que pude.

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  13. Impossível não chorar. A ferida ainda está aberta mesmo depois de algum tempo. Ela dói como se fosse de hoje.

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  14. Impossível não chorar. A ferida ainda está aberta mesmo depois de algum tempo. Ela dói como se fosse de hoje.

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  15. Precisava tanto ler esse texto! Fui mãe com 18 anos, quando ainda morava com meus pais.Consegui amamentar apenas por 10 dias, pois, minha bebê não fazia a pega correta. Tive fissuras e sentia muita dor e somado a isso tive problemas com minha mãe e meu pai, que só ficavam dando palpites e dizendo que eu não prestava pra nada. Nunca tive orientação nenhuma quanto a amamentação, nem de familiares, nem da pediatra durante as consultas e nem na maternidade. Como não sabia mais o que fazer, acabei desistindo da amamentação. Hoje, cursando nutrição, me sinto extremamente culpada por não ter amamentado, por não ter tentando mais. Mas espero que possa fazer tudo diferente no próximo filho.

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  16. Que belo post. Mas desistir não é o plano de quem acredita que ainda pode. E eu acredito. Mas não me culpo, tudo aconteceu como tinha que acontecer, sei que fui a melhor mãe que pude, e apesar do desmame precoce foi o leite materno que salvou a vida da Lara no início da vida. Com aleitamente exclusivo superamos uma infecção hospitalar, hipoglicemia e baixo peso. Pra infecção, claro, antibióticos. Mas o dr. deixou claro que seria bem mais difícil sem o leite materno. Então apesar dos apesares agradeço por poder ter sido a salvação dela. Não é nossa culpa. Podemos, como disse, seja amamentando outro filho ou ajudando outras pessoas na amamentação.

    Blog Jovens Mães

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