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Transtorno Alimentar na infância

Olá pessoal!!!

Nesta sexta-feira que passou, dia 28 de outubro, a modelo Carolina Bittencourt liderou uma passeata contra a anorexia intitulada "Marcha das Famintas". Muito legal a iniciativa. No mesmo dia, ouvi pelo rádio sua entrevista na rádio Joven Pan, contando um pouco da sua motivação, citou estudos e falou sobre transtornos alimentares. Citou também uma das meninas internadas no HC com anorexia, com apenas 8 anos. Isso é muito, muito triste!
Transtornos alimentares são assuntos tristes, às vezes obscuros. A falta de informações podem piorar ou "deixar de previnir" alguns casos. Pensando nisso, convidei uma colega nutricionista para escrever um texto aqui pra gente! Fique à vontade Ana Carolina!!
Prevenção conjunta de obesidade e transtornos alimentares na infância e na adolescência: é possível?
            Nos dias de hoje, a obesidade tem ocupado lugar de destaque na mídia e na ciência. A questão é ainda mais preocupante quando se trata de crianças e adolescentes, por isso existem inúmeras estratégias de prevenção de obesidade nessa faixa etária. Só que existem outros problemas relacionados ao peso corporal que muitas vezes acabam sendo esquecidos ou subestimados: os transtornos alimentares.
            Transtornos alimentares são doenças psiquiátricas caracterizadas por profundas alterações no comportamento alimentar e nos comportamentos que visam controle de peso e forma corporal, levando o organismo a um funcionamento debilitado e inúmeras complicações. Os transtornos alimentares incluem a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e os transtornos alimentares não especificados.  Sua etiologia é multifatorial, ou seja, são originados através da interação de vários fatores, não se tem uma única causa. Alguns destes fatores incluem a predisposição genética e a história familiar de transtornos psiquiátricos, a valorização do ideal magro de beleza e a prática de dietas.  Nas crianças e adolescentes, complicações comuns destas doenças incluem prejuízo no crescimento, retardo na maturação sexual e ausência de menstruação nas meninas, prejuízos dentários, constipação ou diarréia, cansaço e alterações cardiovasculares.
            É importante que os pais e familiares estejam atentos a alguns sinais típicos que podem indicar a presença de transtornos alimentares, pois raramente a criança ou adolescente vai se queixar disto, afinal, acreditam que devem fazer de tudo para serem magros. Estes sinais incluem: prática de dietas e restrição de alguns alimentos que antes eram aceitos; perda de peso sem motivo aparente; queda acentuada de cabelos; ausência de crescimento;  recusa em sair de casa e se alimentar junto com a família; atitudes negativas em relação ao peso atual; beber muito líquido nas refeições e com isso comer pouco; ir frequentemente ao banheiro logo após se alimentar. Caso notem esses comportamentos e atitudes, os pais devem buscar ajuda especializada.
Prevenção conjunta de obesidade e transtornos alimentares: é possível?
Sim! Estudos atuais dizem que a prevenção conjunta de obesidade e transtornos alimentares não só é possível como é desejada. Algumas estratégias de prevenção incluem:
1. Desencorajar a prática de dietas. Ao invés disso, encorajar e favorecer uma alimentação saudável, em que não existem alimentos “permitidos” e “proibidos”, e encorajar também a prática de atividades físicas que as crianças e adolescentes gostem. Como já foi dito, dietas são fatores de risco para transtornos alimentares e podem levar ao ganho de peso a longo prazo, já que aumentam o risco de compulsão alimentar.
2. Promover uma imagem corporal positiva. Precisamos parar de achar que a insatisfação corporal é uma boa motivação para a mudança. Pense num carro: se você gosta dele, você cuida, dirige com cuidado, faz revisões frequentes... Já quando você não gosta do carro, nada disso é feito, certo? O mesmo vale para o nosso corpo. Enquanto eu não respeitá-lo e valorizá-lo, o mínimo que seja, não terei motivação e prazer em cuidar dele (me alimentar de forma saudável, praticar exercícios que me façam sentir bem...). Os pais devem ser o exemplo de como manter uma imagem corporal positiva, e isso significa, por exemplo, parar de fazer comentários depreciativos sobre o próprio corpo e sobre o corpo dos filhos.
3. Encorajar a realização de refeições em família. Quanto mais frequentes e mais agradáveis, melhor. Pesquisas recentes mostram que o hábito de comer em família está relacionado a um melhor consumo alimentar em adolescentes, além de ser um fator protetor para alimentação transtornada e para comportamentos extremos de controle do peso.
Importante ressaltar que um estilo de vida saudável deve incluir comportamentos que conseguimos manter a longo prazo, mudanças radicais e temporárias não são positivas. Além disso, crianças aprendem a partir de exemplos, então os pais devem acima de tudo melhorar a sua própria atitude diante da alimentação e do corpo para poderem efetivamente beneficiar seus filhos.

            Ana Carolina Pereira Costa é nutricionista clínica e atua na equipe de Nutrição do Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Hospital das Clínicas de São Paulo (AMBULIM – IPq – HCFMUSP). É colaboradora do Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares (GENTA) e associada da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). É nutricionista voluntária da ADJ/Diabetes Brasil e autora do blog “O corpo é meu!” (http://ocorpoemeu.blogspot.com/).

Comentários

  1. Muito bom!! Parabéns Karine!! Bjins!!

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  2. Adorei as dicas, tenho um filho de 5 anos que não se alimenta de nada de refeição de panela como arroz, feijão, carne..., também não aceita fruta nem verduras, ele tem alergia as proteinas do leite de vaca, acho que isso deu um grande bloqueio nele na questão de provas, até os 3 anos e meio comia tudo e frutas só na versão suco, mas aceitava, com o uso de muitos antibióticos em crises respiratórias deixou cada coisa em momentos diferentes e hoje está como "astronauta" se alimentando de tudo de besteiras industrializadas e nem sei por onde começar.

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  3. Adorei as dicas, tenho um filho de 5 anos que não se alimenta de nada de refeição de panela como arroz, feijão, carne..., também não aceita fruta nem verduras, ele tem alergia as proteinas do leite de vaca, acho que isso deu um grande bloqueio nele na questão de provas, até os 3 anos e meio comia tudo e frutas só na versão suco, mas aceitava, com o uso de muitos antibióticos em crises respiratórias deixou cada coisa em momentos diferentes e hoje está como "astronauta" se alimentando de tudo de besteiras industrializadas e nem sei por onde começar.

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  4. Meu filho come arroz feijão macarrão ovos legumes pão ....ele tem 4 anos qual especialista procuro pra melhorar isso pois o Pediatra diz q é normal...obrigada

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  5. Meu filho de 4 anos não come arroz feijão macarrão pão legumes ovo...fico desesperada para alimentá-lo pois só aceita carnes ..menos de porco..come alface frutas algumas e leite....que profissional eu procuro pra melhorar a alimentação dele já q o Pediatra diz q é normal sempre...mas ele não ganha peso e se resfriar perde peso muito rápido....obrigada

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  6. Meu filho come arroz feijão macarrão ovos legumes pão ....ele tem 4 anos qual especialista procuro pra melhorar isso pois o Pediatra diz q é normal...obrigada

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  7. Meu filho come arroz feijão macarrão ovos legumes pão ....ele tem 4 anos qual especialista procuro pra melhorar isso pois o Pediatra diz q é normal...obrigada

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  8. OI, Tudo bem?
    Meu filho Miguel tem 3 anos e sempre comeu dde tudo, porém aos dois anos começou diminuir a alimentação, agora com 3 anos não come nada há mais de 2 meses não come nada salgado, apenas bolacha, suco e leite (que no momento só toma dormindo, pois recusa). A pediatra disse que ele está no limite do peso, mas a está bem acima da altura.
    Quando coloco o alimento na mesa nas refeições, ou ele brinca ou quer vomitar quando sente o cheiro... não coloca um grão de nada na boca... anda muito irritado e bem magrinho... eu estou arrasada, pq sei que uma criança não pode ficar sem comer. Na escola ele entra as 9:00 e sai as 16:30... fica esse tempo todo só com um copo de suco... não sei o que fazer... SOCORRO...

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  9. OI, Tudo bem?
    Meu filho Miguel tem 3 anos e sempre comeu dde tudo, porém aos dois anos começou diminuir a alimentação, agora com 3 anos não come nada há mais de 2 meses não come nada salgado, apenas bolacha, suco e leite (que no momento só toma dormindo, pois recusa). A pediatra disse que ele está no limite do peso, mas a está bem acima da altura.
    Quando coloco o alimento na mesa nas refeições, ou ele brinca ou quer vomitar quando sente o cheiro... não coloca um grão de nada na boca... anda muito irritado e bem magrinho... eu estou arrasada, pq sei que uma criança não pode ficar sem comer. Na escola ele entra as 9:00 e sai as 16:30... fica esse tempo todo só com um copo de suco... não sei o que fazer... SOCORRO...

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